Guerra de Mundos
Ora bem, já que surgiram aqui três posts sobre o War of the Worlds de Spielberg, aqui, aqui e aqui, decidi que seria uma boa opção para regressar a estas lides. Tentarei fazê-lo de forma breve.
Primeira reflexão: Spielberg não sabe filmar mal. O ataque inicial está fabuloso no pânico que reproduz ao mesmo tempo que incorpora situações de bloqueio de algumas pessoas e momentos de curiosidade antes do desastre - exemplar a cena do homem que aproveita para gravar a chegada dos tripods com a sua camcorder. Da mesma forma, Spielberg não cai no facilitismo de mostrar muitas cenas de destruição, esta está filmada rente ao solo e dando a perspectiva das vítimas.
Segunda reflexão: como diz o Jorge, a fotografia de Janusz Kaminski vale um filme por si só. O bilhete fica pago só com o seu trabalho e dá prazer olhar para o ecrã, independentemente da qualidade do filme.
Terceira reflexão: Os efeitos especiais estão excelentes. Muito boa alternância entre digital e imagem real, Spielberg aproveitou bem as novas possibilidades tecnológicas sem se esquecer que os cenários mais realistas são precisamente os reais.
A partir daqui estamos no domínio do medíocre. Spielberg não se decide entre o conflito pessoal e familiar de Ray. Vai dando uns arremedos a Dakota Fanning e Justin Chatwin para construírem as suas personagens mas sem se demorar muito no assunto - aliás, problema habitual nos filmes de Cruise: ele é a estrela e mais ninguém tem direito à luz. Por outro lado, Tom Cruise não é convincente no seu papel. Não espanta que o seu momento mais bem conseguido seja aquele em que consegue explodir um tripod, afinal de contas está habituado a ser herói. Também não parece conseguir decidir-se entre filmar o ataque ou ficar com a família.
O resultado final é um filme que não se consegue decidir entre a melhor forma de ser abordado. É um facto que isso, nas mãos da esmagadora maioria dos realizadores implicaria um filme desastrado e desastroso e que com Spielberg não deixa de ser um bom filme. Fica, no entanto, a ideia que com outros actores, menos famosos, e com mais distribuição do "tempo de antena", o filme poderia ter descolado muito mais alto.
Nota final para dois pontos terríveis. O primeiro é a voz-off. Um frete de Morgan Freeman sem razão e que nada adianta à história. Explica quando não há necessidade de explicar. Outro ponto é a sequência da cave. Mais uma vez supérflua, feita para dar um momento dramático ao filme e que poderia ter sido aproveitado para explorar melhor as outras personagens - a do filho desaparece para não incomodar as estrelas. Algo que parece ter sido tirado de um qualquer outro argumento de David Koepp e enfiado ali à pressão.
Final? Um filme à la Terminal, sem chama para lá das dos ET's e que nada adianta à cinematografia de extraterrestres, de Spielberg ou sequer de Cruise. Fica apenas mais um excelente momento de Kaminski.
PS - a cena da sonda não me lembra absolutamente nada o Parque Jurássico, antes me parece decalcadíssima do The Abyss de Cameron.
Primeira reflexão: Spielberg não sabe filmar mal. O ataque inicial está fabuloso no pânico que reproduz ao mesmo tempo que incorpora situações de bloqueio de algumas pessoas e momentos de curiosidade antes do desastre - exemplar a cena do homem que aproveita para gravar a chegada dos tripods com a sua camcorder. Da mesma forma, Spielberg não cai no facilitismo de mostrar muitas cenas de destruição, esta está filmada rente ao solo e dando a perspectiva das vítimas.
Segunda reflexão: como diz o Jorge, a fotografia de Janusz Kaminski vale um filme por si só. O bilhete fica pago só com o seu trabalho e dá prazer olhar para o ecrã, independentemente da qualidade do filme.
Terceira reflexão: Os efeitos especiais estão excelentes. Muito boa alternância entre digital e imagem real, Spielberg aproveitou bem as novas possibilidades tecnológicas sem se esquecer que os cenários mais realistas são precisamente os reais.
A partir daqui estamos no domínio do medíocre. Spielberg não se decide entre o conflito pessoal e familiar de Ray. Vai dando uns arremedos a Dakota Fanning e Justin Chatwin para construírem as suas personagens mas sem se demorar muito no assunto - aliás, problema habitual nos filmes de Cruise: ele é a estrela e mais ninguém tem direito à luz. Por outro lado, Tom Cruise não é convincente no seu papel. Não espanta que o seu momento mais bem conseguido seja aquele em que consegue explodir um tripod, afinal de contas está habituado a ser herói. Também não parece conseguir decidir-se entre filmar o ataque ou ficar com a família.
O resultado final é um filme que não se consegue decidir entre a melhor forma de ser abordado. É um facto que isso, nas mãos da esmagadora maioria dos realizadores implicaria um filme desastrado e desastroso e que com Spielberg não deixa de ser um bom filme. Fica, no entanto, a ideia que com outros actores, menos famosos, e com mais distribuição do "tempo de antena", o filme poderia ter descolado muito mais alto.
Nota final para dois pontos terríveis. O primeiro é a voz-off. Um frete de Morgan Freeman sem razão e que nada adianta à história. Explica quando não há necessidade de explicar. Outro ponto é a sequência da cave. Mais uma vez supérflua, feita para dar um momento dramático ao filme e que poderia ter sido aproveitado para explorar melhor as outras personagens - a do filho desaparece para não incomodar as estrelas. Algo que parece ter sido tirado de um qualquer outro argumento de David Koepp e enfiado ali à pressão.
Final? Um filme à la Terminal, sem chama para lá das dos ET's e que nada adianta à cinematografia de extraterrestres, de Spielberg ou sequer de Cruise. Fica apenas mais um excelente momento de Kaminski.
PS - a cena da sonda não me lembra absolutamente nada o Parque Jurássico, antes me parece decalcadíssima do The Abyss de Cameron.
<< Home