sexta-feira, dezembro 03, 2004

A puta da Objectividade

Disclaimer: Este texto não é aconselhado a quem se levar muito a sério.

Muito bem Jorge e João, devagarinho e com paciência vamos lá. OK, seja. Pessoalmente, e porque, como disse antes, estou farto do estilo convencional e políticamente correcto dos meus textos até agora, vou adoptar outro ponto de vista: o paleio de café com elogios desmesurados e críticas violentas aos filmes que veja. E vou desfazer em pó a opinião de quem não concorde ou quem tenha uma opinião que eu ache ridícula.

O cinema é, para mim, e continuará a ser, uma fonte de prazer. Há quem fume, há quem se drogue e há quem se masturbe. Eu consumo doses desmesuradas de cinema. Um mesmo filme, mesmo mau, correrá o risco de ser visto umas 5 ou 6 vezes se me der na gana. Só para satisfazer a dose diária. Por isso mesmo não tenho muita paciência para sentimentos de intelectualidade sobre o cinema. Claro que posso fazer críticas estruturadas e bem fundamentadas, com uma linguagem cuidada e correcta. É o que tenho feito até agora. Só que isso farta e, pessoalmente, o que me fez fartar disso, foi um certo e-mail que recebi da famosa ABCine, pomposamente autodenominada "Academia de Blogues de Cinema".

Foda-se que não há pachorra. Academia? Mas desde quando? Dão aulas? Se dão convém avisar, que ainda não vi nada. Para além disso pouco vi que tivessem para ensinar. Da discussão nasce um aprofundar de conhecimentos, mas cada um destes blogues tem mantido um autismo profundo. Não sei se o meu post sobre os sistemas de classificações terá sido o único momento em que se discutiu entre os vários blogues, ams presumo que tenha sido caso raro. A única coisa que promovem é um clubinho restrito com um fórum onde discutem entretidos aquilo que lhes apetece.

Claro que nada tenho contra isto, o que me incomoda é mesmo a importância que dão a si mesmos. São todos estudantes de cinema ou são apenas cinéfilos militantes? Aparentemente acham que o cinema é demasiado importante para ser discutido em sistema de brincadeira e com umas caralhadas pelo meio.

Fizeram uma classificação dos 100 melhores filmes de sempre, mas nem um filminho dos Monty Python para amostra. Ora porra! Uma única piada proferida pela boca do John Cleese vale 10 filmes do Shyamalan. A sequência inicial d'A Vida de Brian já bastava para a história do cinema de comédia. A omissão do Declínio do Império Americano, do Dennys Arcand, quando As Invasões Bárbaras ali aparece, só demonstra que o dinheiro que gastaram com o bilhete para este último filme não vale sequer para papel higiénico quando não viram o anterior. Irei mais longe num outro ponto: esquecer um filme como O Efeito dos Raios Gama no Comportamento das Margaridas é ignorar a grandiosidade do título. Só o título mereceria os óscares do Titanic. Ver o filme é lucro sobre essa mais valia. Podia continuar com os exemplos e sim, eu sei que as listas são sempre subjectivas, mas merda para isto tudo! há mínimos a serem respeitados.

Concluindo esta diarreia mental. Os meus textos futuros vão ser ataques a tudo e todos. Quando achar que um filme é bom, nem que seja como laxante quando se está com prisão de ventre, cá ficará o elogio. Como me parece que a maioria do cinema actual, especialmente americano, não vale a ponta do corno, as críticas vão ser abaixo de cão. Se não gostarem, que se fodam. Ah sim!, claro que os links para blogues de cinema vão desaparecer da direita. Apenas ficam links para outros sites. Os de blogues serão feitos ocasionalmente.

Fico à espera dos comentários indignados: a caixa está aí abaixo.

PS - depois de o voltar a ver fiquei com outra impressão do The Terminal. Não vale mais que 12 em 20. Não gostam? Azar.