terça-feira, dezembro 07, 2004

Ainda a classificação

E as ignorâncias também. Que o cinema é uma questão de gosto é entendido e subentendido e ninguém aqui quer discutir isso. Quando me dá na real gana também gosto de sacar do filmeco mais atrasado mental que tenho em casa só para me entreter durante um pouco. Habitualmente resulta que só consigo ver parte do filme e que o filme vai sendo visto ao longo de algumas semanas, mas não vou falar mal do American Pie sem o ver, não é verdade?

(Por falar nisso, hoje dá o Cowboy Ugly an televisão. O filme parece ser mesmo muito mau, mas as gajas são boas que se fartam)

Bom, mas não foi para falar dos filmes maus que eu vejo ou não que decidi escrever. Foi mesmo para falar dos filmes banais que são promovidos a obras-primas. O melhor exemplo dessas listas vem no IMDb. Este site sem dúvida que é de uma utilidade enorme, mas o seu Top-250 roça o ridículo (mas pelo lado de lá, ou seja, do ridículo). Claro, é apenas um top feito a partir das médias dadas pelos utilizadores aos filmes que viram, pelo que não reflecte necessariamente a opinião de gente que percebe alguma coisa de cinema.

E isso fica patente em resultados como aquele que coloca o Padrinho no primeiro lugar, o terceiro volume do Senhor dos Anéis no segundo e - ó Céus - Os Condenados de Shawshank em terceiro. Bom, qualquer pessoa com um cérebro maior que uma cabeça de fósforo sabe que o segundo Padrinho é o melhor de todos e que o terceiro mais valia ter ficado no baú mais uns tempinhos, mas enfim, pelo menos o primeiro é um filme também muito bom. É certo que a adaptação do Senhor dos Anéis resultou bem, especialmente considerando que o livro era inadaptável, mas dar o segundo lugar ao terceiro filme? Virgem Santíssima! Que uma alforreca me coma vivo se o primeiro não é o melhor e mesmo assim não merecia aparecer nos 100 primeiros lugares.

Já Os Condenados de Shawshank é uma tara à parte. É parte de um hype, é o que é. É daqueles filmes que toda a gente gosta, a que dá práí um 10 em 5 (não é gralha, é mesmo dez de zero a cinco) e que, passados uns três meses, nem nos lembramos da istória excepto que se passa numa prisão e que há um tipo que se pisga. É mais uma razão para acabar com estes sistemas de classificações que deveriam ser causadores de fuzilamentos em massa de quem os pratica. Afinal de contas quem, no seu perfeito juízo, dá mais de um 6 em 10 a este filme? É bonitinho, mas também a minha mãezinha o é e eu não a convenço a concorrer a Miss Universo. Claro que isto não importa minimamente para os mentecaptos que votam no IMDb. E perto disso andam os mecos do ABCine (sim, isto é guerra aberta mesmo, pelo menos se eles tiverem recebido a declaração oficial enviada pelo embaixador este fim de semana - espero que não estivessem com as portas fechadas a gozar um fim de semana prolongado. Aqui trabalha-se porra!).

Qualquer pessoa que, depois destes anos, coloque o Shawshank Redemption nos primeiros 500 lugares da história do cinema merece ser enforcado com a corda a entrar directamente pelo cú e a ser apertada em torno da laringe. Por isso é que abomino o raio das classificações.Que possam ser subjectivas é uma coisa, agora que provoquem estes ridículos é outra. Aliás, vai-se a ver qualquer classificação dos melhores filmes do século e encontra-se esse filme, mas quem o inclua e não outros, como o Garganta Funda, o Viagem à Lua ou a colecção completa dos Looney Tunes não merece reentrar no espaço sagrado de uma sala de cinema.

Por agora chega, a porrada continua noutra altura.