Alegoria
Land of the Dead é um filme que reconforta. Numa altura em que o slasher movie tem sido feito para idades mentais pouco acima das dos espectadores do American Pie, George Romero mostra que ainda se pode ser inteligente com filmes de mata-esfola.
A alegoria é óbvia e não tão subtil como se poderia pensar. Claro que isto tem tudo a ver com o mundo em que vivemos, onde uns poucos privilegiados vivem no meio do luxo e do conforto, têm à volta os "cidadãos" do seu undo que trabalham para os poder manter e toda a gente ignora, teme e rouba as massas oprimidas do resto do mundo. Isto poderia ser um guião para um filme marxista-leninista mas não é, é mesmo a ideia envolvente de Land of the Dead.
O filme passa muito por isto, por um jogo de descobrir as referências. O saque à cidade controlada por zombies lembrará a exploração de países do Terceiro Mundo; o mercenário que é usado para fazer o trabalho sujo do "senhor" da torre lembra tanto os radicais islâmicos que até diz que se não tiver aquilo que exige que lhe atirará com uma jihad; os zombies são uns pobres diabos que existem uma imitação de vida, adoram fogos de artifício e, um dia, guiados por um outro que é aparentemente mais inteligente e se preocupa com eles, decidem fazer-se à cidade e acabam por a destruir; tudo numa óbvia alegoria que se pderia chamar "de pé ó vítimas da fome, de pé famélicos da terra". No final sobram apenas os cidadãos de segunda da cidade, tentando reconstruir o mundo à sua imagem; os zombies, que depois de destruir os seus inimigos vão "em busca de um sítio para onde ir"; e o herói, ou melhor, o anti-herói, única aparente concessão cinematográfica de Romero, que acaba por tentar ir para onde não haja nada.
Claro que não há uma convincente construção de personagens, mas isso é absolutmante desnecessário nestes filmes. O ambiente é o que conta e esse está sublime, num jogo de sombras e luzes, com piscares de olhos cinematográficos por todo o lado. Romero está nas suas sete quintas e consegue criar o suspense necessário, inclusivamente quando este é anti-climático (caso da zombie que sobe para o carro blindado). Temos portanto um filme de zombies como deve ser: mortos com fartura, anti-heróis, referências cinematográficas e de realidade, suspense e previsibilidade devidamente medidas. Não faz história no cinema? Não, mas é com filmes como este que se faz Cinema.
A alegoria é óbvia e não tão subtil como se poderia pensar. Claro que isto tem tudo a ver com o mundo em que vivemos, onde uns poucos privilegiados vivem no meio do luxo e do conforto, têm à volta os "cidadãos" do seu undo que trabalham para os poder manter e toda a gente ignora, teme e rouba as massas oprimidas do resto do mundo. Isto poderia ser um guião para um filme marxista-leninista mas não é, é mesmo a ideia envolvente de Land of the Dead.
O filme passa muito por isto, por um jogo de descobrir as referências. O saque à cidade controlada por zombies lembrará a exploração de países do Terceiro Mundo; o mercenário que é usado para fazer o trabalho sujo do "senhor" da torre lembra tanto os radicais islâmicos que até diz que se não tiver aquilo que exige que lhe atirará com uma jihad; os zombies são uns pobres diabos que existem uma imitação de vida, adoram fogos de artifício e, um dia, guiados por um outro que é aparentemente mais inteligente e se preocupa com eles, decidem fazer-se à cidade e acabam por a destruir; tudo numa óbvia alegoria que se pderia chamar "de pé ó vítimas da fome, de pé famélicos da terra". No final sobram apenas os cidadãos de segunda da cidade, tentando reconstruir o mundo à sua imagem; os zombies, que depois de destruir os seus inimigos vão "em busca de um sítio para onde ir"; e o herói, ou melhor, o anti-herói, única aparente concessão cinematográfica de Romero, que acaba por tentar ir para onde não haja nada.
Claro que não há uma convincente construção de personagens, mas isso é absolutmante desnecessário nestes filmes. O ambiente é o que conta e esse está sublime, num jogo de sombras e luzes, com piscares de olhos cinematográficos por todo o lado. Romero está nas suas sete quintas e consegue criar o suspense necessário, inclusivamente quando este é anti-climático (caso da zombie que sobe para o carro blindado). Temos portanto um filme de zombies como deve ser: mortos com fartura, anti-heróis, referências cinematográficas e de realidade, suspense e previsibilidade devidamente medidas. Não faz história no cinema? Não, mas é com filmes como este que se faz Cinema.