quinta-feira, julho 15, 2004

Alguém pediu...

terça-feira, julho 13, 2004

Teremos polémica?

Os comentários ao post anterior (principalmente o teu, J.Vaz) levam-me a dizer algo sobre "O Despertar da Mente" que me tem ficado a fermentar na cabeça desde que o vi há alguns dias. Chegado o filme a meio, principalmente ao momento em que Frodo e Ruffalo (sim, eu sei, mas não soa tão bem?...) estão a intervir na mente de Jim Carrey - e em que, quanto a mim, se revela exactamente a direcção que o filme seguiria, especialmente quando vemos a praia do primeiro encontro - parece que se entra numa espécie de modo de "eliminação de memórias" em que pouco se vai acrescentando. Ou seja, pareceu-me que o filme armou a sua própria armadilha, da qual só se consegue soltar na penúltima cena, MESMO na penúltima cena, quando, de um momento para o outro, Carrey desce as escadas e propõe um pacto de "que se lixe" com a Winslet. Ora, para além da curiosidade (e se Carrey não tivesse descido as escadas e a separação fosse inevitável? não teríamos aí um belíssimo conto moral?), há ali algo de "happy ending ex machina" e uma data de palha que não me interessa tanto como ver aqueles fabuloso actores, principalmente Carrey, o único homem que consegue passar do "overacting" para o "underacting" enquanto a Academia esfrega um olho. Só não vou dizer qual é o olho que a Academia esfrega porque este ainda é um blog sério.

segunda-feira, julho 12, 2004

Ainda sobre "Embriagado de Amor"

Talvez me repita, mas não consigo evitar. Os oito minutos que leva a sequência "He Needs Me" (ao som da música que Shelley Duvall cantou no "Popeye" de Altman) são talvez a coisa mais cristalina, equilibrada e serena que já vi em filme. O momento em que Barry Egan (Adam Sandler) telefona à irmã a partir de uma cabina telefónica no Havai e pela primeira vez se impõe à família, então, é um núcleo fundamental de força, conseguida com nada mais do que o diálogo e a força do actor. Penso sempre nisto quando vejo o filme: Paul Thomas Anderson fez aqui com Adam Sandler o que Jean-Luc Godard fez com Brigitte Bardot em "Le Mépris" - reflectiu sobre a "persona" que o actor tinha vindo a representar e mostrou-a na sua radicalidade. No final, Barry e Lena beijam-se e todo o mundo passa por eles. A história de amor é mostrada na sua essência e o cartaz do filme fica feito. Simplesmente belo.

sexta-feira, julho 09, 2004

Diálogos com o Fernando

Antes de mais nada tenho que reconhecer que não tinha lido o teu comentário na totalidade. Quando falaste de criadores nos cinemas de massas não reparei na palavra chave "massas".

Neste aspecto tens razão, há actualmente muito poucos realizadores de cinema de massas em Hollywood (ou noutro sítio qualquer). Os exemplos que deste serão bons, talvez com a excepção do George Lucas, que a única coisa que tem criado nos últimos anos é uma máquina de efeitos especiais com as prequelas da Guerra das Estrelas (abaixo de cão e cada uma pior que a outra, pelo menos até ao momento). Na tua lista talvez te tenha faltado o James Cameron, um artesão com talento para filmes, pelo menos, interessantes. Poderíamos juntar até o Riddley Scott, de vez em quando até faz umas coisinhas mais ou menos interessantes.

Seja como for, penso que futuro do cinema americano está cada vez mais nos filmes certinhos. As comédias para adolescentes e jovens adultos cada vez mais idiotas (que saudades do Animal House, tentem encontrá-lo em DVD ou no canal Hollywood); os filmes de acção tão activos, explosivos e pouco sangrentos quanto possível (não vejo mais nenhum actor a submeter-se ao arraial de pancada a que o Bruce Willis se submeteu no Die Hard); as comédiazinhas românticas inócuas e um ou outro épico, na tradição peplum se possível, para dar a ideia de grandiosidade.

No meio disto tudo até nem me aborrece que se façam umas adaptações da banda desenhada ao cinema. As da Marvel são interessantes porque as personagens vivem sempre com problemas e conflitos internos muito marcantes. Talvez por isso sempre tenha preferido essa editora à DC Comics, que publica o Super-Homem e o Batman. Claro que o problema passará depois pelas adaptações. O Demolidor foi um caso óbvio de asneirada em toda a linha. Uma personagem que tinha um espaço enorme para desenvolver foi reduzido a uma caricatura. Fazer 6 filmes do Homem-Aranha também não promete. Quanto mais não seja porque o Tobey Maguire se arrisca a terminar a série com 40 anos de idade (não parecendo, ele está praticamente nos 30).

Há, sem dúvida, um déficit de criatividade em Hollywood. Não que seja da parte dos argumentistas ou dos realizadores, mas sem dúvida que da parte dos produtores. Não há gosto pelo risco (que saudades do Jack Warner e do Irving Thalberg) nem vontade de inovar. No final o cinema para massas vai desaparecendo.

Fiquemo-nos portanto com o Paul Thomas Anderson e a Sofia Coppolla, aproveitemos o Clint Eastwood enquanto ele nos brindar com a sua presença e a sua mestria, vamos saboreando a ironia dos irmãos Coen (apesar de uma certa crise criativa) que são os únicos que ainda conseguem fazer filmes para massas com cheiro de independentes (ou o contrário, o que vai dar ao mesmo). Deixemos as superproduções, pode ser que um dia elas voltem.

quinta-feira, julho 08, 2004

Brando

Marlon Brando morreu na semana passada. Foi um actor que marcou uma geração e foi a face maior do Actor's Studio.

Havia algo em Brando que atraía. Não seria apenas a sua face, indubitavelmente bela. Não seria apenas o seu corpo, depósito de masculinidade. Não seria a sua voz ou o seu sotaque, carregados e comuns pelos EUA. Seria então, talvez, a mistura de tudo isto associado a um magnetismo e a umas trevas que ele trazia consigo e que transmitia através do olhar, o que nos seduzia.

Brando fez filmes bons e maus. Teve papéis bons em filmes maus e papéis maus em filmes bons. Brando fez quase tudo. Foi um homem brutal e abusador com o Stanley Kowalski de Um Eléctrico Chamado Desejo. Foi um homem de sonhos destruídos que tenta corrigir um mal em Há Lodo no Cais. Foi o Kurtz soldado e filósofo de Apocalypse Now. Foi o hedonista niilista d'O Último Tango em Paris. Foi um Júlio César marcante e mais humano que o normal. Foi um símbolo do Mal com face e sentimentos humanos n'O Padrinho.

Terminou a carreira em filmes nada memoráveis, muito devido a uma presença já não tão imponente, excepção feita à gordura, mas a sua lenda foi criada nestes filmes que enunciei. Muito mais de relevante ele transmitiu além das suas actuações. Foi um advogado dos direitos dos índios americanos. Foi um opositor de Kazan, especialmente enquanto este o filmava em Há Lodo no Cais. Foi um símbolo sexual, símbolo ainda óbvio mesmo nos nossos tempos.

Mas mais que tudo foi, segundo muitos, "O Maior Actor de Todos os Tempos". Sabendo que ainda mantém esse título mesmo caído em desgraça, mesmo tendo a sua última interpretação memorável 25 anos, podemos ver a força daquilo que nos deixou. Já nada contribuía para o cinema actual, mas era o depositário de uma geração de actores e de um sibolismo que não mais voltámos a ver.

Calor

Alguém tem o hábito, que eu tinha, de ir ver os mesmos (maus) filmes ao cinema duas ou três vezes durante o Verão para fugir ao calor?

Um túmulo desenterrado

Nem a propósito. Quando começámos este blogue, um dos meus primeiros posts foi sobre os dois filmes do Fritz Lang sobre a Índia: "O Tigre de Eschnapur" e "O Túmulo Indiano".

Durante as minhas férias mandei um saltinho à Fnac. O que encontrei por lá? Exactamente estes dois filmes em DVD. As cópias parecem razoáveis e têm a versão alemã e a versão inglesa. Não explorei ainda as cópias tanto quanto desejaria (apesar de o ter comprado pouco tempo passei em casa para o ver) mas pareceu-me que não há legendagem portuguesa, apenas a inglesa. Seja como for vale a pena comprar.