sexta-feira, dezembro 10, 2004

6 notas sobre “Alexandre”

1- Não é possível continuar a crer razoavelmente na capacidade de Vangelis para fabricar bandas sonoras. O estilo dele devia ter ficado morto e enterrado, juntamente com Enya e quejandos, num grande caixão a meio dos anos 80. Que ficassem lá todos a cantarolar sem nos vir estragar os filmes para além do ano 2000.

2- Uma aposta: que Stone, que, afinal de contas, nunca filmou outra coisa que não o poder (mesmo em “Platoon” e “The Doors” ele está lá; a ver o que, para mim, é o melhor filme dele “Talk Radio”), ficou sem saber como deveria ser a estética para uma história passada na Antiguidade Clássica, largando assim a montagem frenética e a sobreposição temporal da sua obra entre “JFK” e “Nixon”. O resultado é envergonhado: quer superar, mas não sabe ou não consegue fazê-lo.

3- Acreditar em Angelina Jolie como mãe de Colin Farrel é tarefa difícil. E porquê aqueles sotaque ridículo? E porque passa o sotaque para Rosario Dawson? Se é por ser persa, porque é que aquilo soa a russo?

4- Nota pessoal, já que Alexandre Magno é a minha figura histórica predilecta: gostaria de ter visto mais da ascensão dele após a morte do pai.

5- O filme procura ser um épico pelo excesso. É uma mélange e, ao não conseguir encontrar o que há de essencial em si mesmo, falha.

6- Stone contorna bem a tentação do digital. “O Senhor dos Anéis”, apesar de tudo, ficou lá longe, no devido lugar.