Óscares
Mesmo não tendo visto a cerimónia - não foi transmitida por nenhuma televisão holandesa, num nítido sinal do desinteresse que a entrega começa a causar - deixo aqui umas impressões sobre os óscares.
O vencedor óbvio foi Eastwood, que mostrou que é o melhor realizador americano da actualidade, fazendo bons filmes, depressa, bem e com capacidade para fazer brilhar os seus actores. Também ficou demonstrado que Eastwood-actor nunca se irá desligar da imagem de Dirty Harry ou do Homem Sem Nome, sendo por isso quase impossível que receba um óscar de interpretação.
Hillary Swank paga o preço de ser uma actriz pouco sensual, carnal, atraente, sexy ou seja lá o que for que lhe queiram chamar. Basicamente paga o preço por não ser uma bomba sexual. Acaba por ter de lutar pelos papéis bons que, quando consegue obter, acaba por devolver com interpretações excepcionais. Por entre os seus dois óscares, contudo, acabou por não ter um único papel de relevo - talvez com a excepção do filme Insomnia em que era, contudo, secundária.
Também está visto que Scorsese vai ganhar, daqui por uns cinco anos, um óscar honorário. E se nunca ganhar um óscar estará em boa companhia, uma vez que Chaplin ou Hitchcock também nunca foram contemplados.
O óscar de Morgan Freeman é, obviamente, de compensação. Já o poderia ter ganho numa dezena de outros filmes, aliás, poderia ganhar um óscar por cada filme que faz, uma vez que é dos poucos actores que nos faz esquecer a cor da sua pele e que, portanto, não precisa de fazer papéis estereotipados. Ainda assim é algo injusto não reconhecer Clive Owen que carrega Closer às costas. E só não é totalmente injusto porque ele seria, na realidade, o actor principal desse filme, mas já é normal a Academia "atirar" com esse tipo de actores para as categorias secundárias simplesmente porque não têm o mesmo peso dos outros nomes do filme. Já se viu isso com Benicio del Toro em Traffic.
Por último, uma reflexãozinha. O de tentar acabar com o uso de "A Academia". Eu também o faço, é verdade, mas convém lembrar que os óscares são atribuídos pelos membros da Academia de forma individual. Não existe discussão aberta e cada um vota (ou não) como lhe der na real gana. Por isso não vale a pena tratar a atribuição de um óscar como sendo "a vontade da Academia", uma vez que isso às vezes não se verifica. Só assim se explica que surjam barbaridades como filmes que ganham o prémio para actor, realizador e argumento (The Pianist, para 2002), não ganhem o de melhor filme; ou que um filme suportado por um actor (Russel Crowe em A Beautiful Mind) não dê o óscar a esse mesmo actor mas ganhe o de realizador e de melhor filme.
Os oscares estão banalizados e cada vez mais desinteressantes. Cortem no paleio e tornem-nos mais directos e compreensíveis. E se puderem comecem a olhar para o cinema do resto do mundo. É que há filmes que colocam a um canto qualquer nomeado deste ano...
O vencedor óbvio foi Eastwood, que mostrou que é o melhor realizador americano da actualidade, fazendo bons filmes, depressa, bem e com capacidade para fazer brilhar os seus actores. Também ficou demonstrado que Eastwood-actor nunca se irá desligar da imagem de Dirty Harry ou do Homem Sem Nome, sendo por isso quase impossível que receba um óscar de interpretação.
Hillary Swank paga o preço de ser uma actriz pouco sensual, carnal, atraente, sexy ou seja lá o que for que lhe queiram chamar. Basicamente paga o preço por não ser uma bomba sexual. Acaba por ter de lutar pelos papéis bons que, quando consegue obter, acaba por devolver com interpretações excepcionais. Por entre os seus dois óscares, contudo, acabou por não ter um único papel de relevo - talvez com a excepção do filme Insomnia em que era, contudo, secundária.
Também está visto que Scorsese vai ganhar, daqui por uns cinco anos, um óscar honorário. E se nunca ganhar um óscar estará em boa companhia, uma vez que Chaplin ou Hitchcock também nunca foram contemplados.
O óscar de Morgan Freeman é, obviamente, de compensação. Já o poderia ter ganho numa dezena de outros filmes, aliás, poderia ganhar um óscar por cada filme que faz, uma vez que é dos poucos actores que nos faz esquecer a cor da sua pele e que, portanto, não precisa de fazer papéis estereotipados. Ainda assim é algo injusto não reconhecer Clive Owen que carrega Closer às costas. E só não é totalmente injusto porque ele seria, na realidade, o actor principal desse filme, mas já é normal a Academia "atirar" com esse tipo de actores para as categorias secundárias simplesmente porque não têm o mesmo peso dos outros nomes do filme. Já se viu isso com Benicio del Toro em Traffic.
Por último, uma reflexãozinha. O de tentar acabar com o uso de "A Academia". Eu também o faço, é verdade, mas convém lembrar que os óscares são atribuídos pelos membros da Academia de forma individual. Não existe discussão aberta e cada um vota (ou não) como lhe der na real gana. Por isso não vale a pena tratar a atribuição de um óscar como sendo "a vontade da Academia", uma vez que isso às vezes não se verifica. Só assim se explica que surjam barbaridades como filmes que ganham o prémio para actor, realizador e argumento (The Pianist, para 2002), não ganhem o de melhor filme; ou que um filme suportado por um actor (Russel Crowe em A Beautiful Mind) não dê o óscar a esse mesmo actor mas ganhe o de realizador e de melhor filme.
Os oscares estão banalizados e cada vez mais desinteressantes. Cortem no paleio e tornem-nos mais directos e compreensíveis. E se puderem comecem a olhar para o cinema do resto do mundo. É que há filmes que colocam a um canto qualquer nomeado deste ano...
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