Com os
Golden Globes, começa a corrida aos prémios de Hollywood e arredores. Para já, temos Alexander Payne, depois dos interessantíssimos Election e About Schmidt, à frente das previsões com o seu
Sideways. Perto temos Martin Scorsese com o seu biopic(?)
The Aviator.
Tenho que confessar, nunca fui um grande apreciador dos filmes que ganham Oscars ou outros prémios do género. Divirto-me a ver a gala dos Oscars e a tentar adivinhar quem vai ganhar. Indigno-me todos os anos por causa da entrega de determinados prémios a determinados filmes. O que nunca me aconteceu foi dar real importância aos Oscars.
Primeiro que nada, o sistema é do mais ridículo que pode haver. Cada votante dá o seu voto, individualmente, a um filme em cada categoria. Isto faz com que sucedam ridículos como no ano passado (filmes de 2002), em que, mesmo tendo ganho o prémio para Melhor Argumento, Melhor Actor (em torno de quem o filme gravitava) e Melhor Realizador,
The Pianist viu o prémio de Melhor Filme ir para
Chicago, que apenas conseguiu umas técnicas e o de Actriz Secundária.
Já antes tínhamos visto um filme feito em volta de um actor que, depois deste não ter conseguido o prémio, arrebatou o de melhor filme e de melhor realizador (que é absolutamente medíocre). Falo de
A Beautiful Mind. O actor era Russel Crowe, o qual merecia completamente o Oscar, ao contrário do que se passou no ano de
Gladiator, em que, com uma personagem sem espessura e à qual não poderia fazer muito, levou a estatueta dourada.
Outros exemplos das asneiras da indústria estão na não atribuição do prémio a Martin Scorsese, no tempo que demoraram a dá-lo a Henry Fonda e Paul Newman e, no maior crime de sempre da "Academia" (desta vez não é a ABCine, estejam lá quietas, suas malucas), dando o prémio de melhor filme ao
Shakespeare in Love, o maior vómito que já ostentou a estatueta. Aliás, de 1990 para cá, apenas em três anos os filmes que ganharam mereceram realmente essa entrada na história do cinema. Foi em 91, 92 e 93, com, respectivamente,
The Silence of the Lambs,
Unforgiven e
Schindler's List. O resto foram prémios a quem deu mais presentes aos votantes.
Para temrinar, falta falar do prémio mais asqueroso dos Oscars: o de Melhor Filme em Língua Estrangeira. E é-o porquê? Primeiro porque faz imediatamente a descriminação entre filmes em língua inglesa e outros. Segundo porque o seu título é estúpido: os filmes em língua inglesa são em língua
inglesa, não
americana, como tal são desde logo em língua estrangeira (Inglaterra não é na América, pois não?). Por fim, porque, tirando os casos em que algum filme ou realizador conseguiu, por qualquer motivo, um hype em solo americano, nenhum filme estrangeiro consegue concorrer com os outros. E não me venham dizer que, por exemplo no ano passado, o
Les Invasions Barbares não enterrava metade da lista de nomeados a melhor filme.
Quanto aos Globos de Ouro, esqueçam-nos. Se servem para estabelecer diferenças com Hollywood, tudo muito bem, afinal de contas trata-se da imprensa estrangeira. Se não, se é para serem apenas um barómetro e darem a oportunidade de fazer mais uma gala, bem podem ignorá-los, que se o original é mau, as cópias são sempre ainda piores. E mexer na porcaria só a faz cheirar ainda pior.